quarta-feira, dezembro 27, 2006

"A escrita são ideias congeladas"

Diz-nos Manuel Silvestre ontem no bar Sopa e Migas no Fundão. Manuel Silvestre é um senhor "confuso" que reside no Fundão, muitas vezes também apelidado Rei do Petróleo (não se percebe bem porquê a razão de tal apelido até porque no Fundão não há petróleo, o único petróleo que há é o vinho tinto).
A escrita são ideias congeladas.A escrita são ideias conjeleladas. Estas duas formas de escrever foram elaboradas pelo Manuel que de há uns tempos para cá deve ter congelado no seu cérebro esta frase e certamente esqueceu-se de congelar a forma como se escrevia "congelar".

É irónica a forma como o nosso corpo e a nossa mente nos traem. De um momento para o outro e sem qualquer espécie de aviso o nosso corpo (daqui em diante corpo significará a junção do físico, matéria com o psicológico, mente, ideias) deixa de reconhecer-se a si próprio, olha-se ao espelho e não! aquele não é o meu corpo, quem o terá mudado? Deixa de reconhecer as outras pessoas, deixa de andar, perde músculo, perde vitalidade, perde vida. Será que é justo dedicar uma vida à vida e depois chegar à idade em que de facto nos podemos presentear com a vida e o nosso corpo não permitir, ou porque as nossas pernas não andam ou porque o nosso cérebro já não o permite. Não vale a pena pensar que por sermos jovens que o tempo não nos agarra, se calhar não nos agarra agora mas daqui amanhã é o mais provável por isso o melhor é fazer tudo já e não deixar nada de muito importante para amanhã, para aquela altura em que vamos ter mais dinheiro, mais paciência, mais tempo, a companhia certa, o tempo certo, aquele dia de sol, aquele dia de chuva....isso não interessa nada pois pode dar-se o caso de termos isso tudo e não nos termos a nós próprios!

Se calhar é uma visão muito fatalista e dramática mas também é a realidade.
Se vos parecer muito fatalista não leiam, se não quiserem não leiam, se vos aborrecer não leiam, se tiverem coisas mais interessantes para fazer não leiam! Não escrevo para os outros lerem, escrevo porque tenho necessidade de ver ideias congeladas aprisionadas num ecrã de computador!

1 comentário:

dvaz disse...

Estava curioso para ver qual o tratamento que irias dar aqui no MAISCLARAMENTE à frase do Manel do Petróleo.
Sem fatalismo algum: nós somos (muito objectivamente) o que fazemos. Logo, se não temos como, não somos...

Aborda o Manel e pergunta-lhe pelo livro que escreveu sobre a doutrina de um grupo de marginais a criar no fundão... eu li umas cenas e achei genial!